28.4.14

ATRAÇÃO
Ilustração: Sidney Ramos

EMBAIXO DA PORTA
Sidney Ramos

Soprava no canto do ouvido
O ar tranquilo e as belas paisagens
Da minha infância.
O vento embaixo da porta,
Eu via por uma fresta.
A palavra entrava junto
Com a brisa do mar
Naquela pequena fendinha.
Eu tinha todo tempo da vida,
Meus sentimentos de peito
Revolvido eram levados ao vento...
As mínimas coisas
Eram-nos caríssimas
E as pequenas
Nossas maiores alegrias.
Ali eu podia: errar, respirar e sentir
Um ar com perfume de encanto.
Naquele momento
Era importante
Abrir os olhos
E sair procurando
Na minha meninice
Algum olhar perdido
Que encontrasse
A mão do destino.
Hoje no silêncio e nas lembranças
Guardo meus gritos ininterruptos.
Escondo um pouco a dor,
Sigilo e misturo as cores
Enquanto escapo também
Em busca do adiante.
Renasço do fogo,
Melhor ainda nas cinzas.
Venço as tramas urdidas,
Sequer vingou as feridas.


JORNAL
Ilustração: Sidney Ramos

FUI CHOVENDO
Sidney Ramos

Já fiz de um jeito
Que eu aprendi,
Já fui chovendo
Sem ser feliz.
Coração da
Mesma forma que se corta,
Sonha e pulsa
Impaciente...
Quantas vezes eu quis
Morrer junto
Com o fim de uma relação.
Quando eu vi
Escorrer a felicidade
Entre os dedos da dor,
Não houve como evitar.
O medo comeu nosso rosto
Que havia chovido.
Com a dança das lágrimas
- Água dos sentimentos submergidos -
Saboreamos o que não engana
A conquista da alma
E a gente não fala
Mas sabe dançar.
Na balada das emoções disfarçadas
Nossos corações sonham
E pulsam sem parar.
Foi no dia desta dor
Que conheci,
Tu eras uma flor
Virou raiz,
Nem seca no solo
Deu capim.

18.3.14

ANOVALENDO
Ilustração: Sidney Ramos

AUSÊNCIA
Sidney Ramos

O sol está do outro lado
Mas deixou escapar
A grandeza do seu brilho
E fez a lua 
Pensar que está sorrindo.
Nas minhas
Noites Vazias,
Triste e sozinho
E durante toda
Minha vida
O que sempre se viu 
Foi a dor de um amor
Que nunca existiu.
Fui ali,
Aprendendo a remar
Com a maré
Dos momentos
Acontecidos.
Olhando o sol
E a lua no céu do meu quarto
Carrego mais uma
Ausência sem volta
Vivendo no passado.
A de um sonho de amor
Que eu não dou as costas.
Ainda vive e resiste
Fria esta nota
Monótona
Na minha prosa.
Mergulhado no sentimento
Como um vinho de época
Que ainda vale um sorriso.

17.3.14

OLHO DE CEBOLA
Ilustração: Sidney Ramos

SAUDADES
Sidney Ramos

Saudades
Tenho-a 
Em minha 
Companhia.
Um dia,
Quem sabe?
Dos namorados.
Outro dia,
Quem sabe?
Feliz.
Neste dia
Quem sabe?
Um dia...

22.9.13

CARNAVAL
Ilustração: Sidney Ramos

ACERTO
Sidney Ramos

Um ruído 
Não poderia ferir
Quem diz 
Do amor todo dia.
Os anjos 
Não deixariam cair
Uma flor 
Que faz poesia.
Quem não mensura
Qual privilégio 
Contigo traz
Não merece 
Teus desejos.
O sonho do bem
Fará este acerto
E nas estrelas
Espere um momento,
Tenho certeza
Feliz será.

26.5.13

QUERUBINS
Ilustração: Sidney Ramos

LETRAS PARA UMA ESTRELA
Sidney Ramos                        à Maria Goreth dos S. Ramos (in memoriam)

Ao que surgiu no caminho
Levantei a cabeça 
E sai seguindo... 
Na busca do que não encontrei
Foi só engano,
Permaneci pisando
Confuso e perdido
Mas hoje ao menos sei
Que meu melhor momento
Foi ter caminhado contigo.
Para ontem
O hoje já foi.
Uma hora sorriso
Mesmo prostrado
Outra hora a
Chorar de alegria.
Na dor do olhar repartido
A causa não perdeu o significado,
Não é só agonia de um dia passado.
De nós o que ficou
Continua se erguendo
Cada dia mais luminoso
E lançado ao infinito.
Gosto muito do nosso filho,
É irado vê-lo sorrindo.

27.4.12

FORMOSA
Ilustração: Sidney Ramos
 
 
AMOR NO INFINITO
Sidney Ramos

Estou aqui
Pensando
Como seria
Se estivéssemos juntos.
Sonhando acordado,
Dormindo em teus braços,
A vida lá fora
Em busca do amor 
No infinito
Sem olhar dividido.
Eu vi em você
Vi você comigo,
Agora quero decidir
Ser teu no meu canto,
Coração de quem ama
E deixo feliz
Aquilo que está aqui,
Amor no infinito
Sem olhar dividido.

1.10.09

CABOCLINHO
Ilustração: Sidney Ramos

REVELAÇÃO
Sidney Ramos

Só quero
Fechar os olhos
E sentir o calor do sol
Em meu corpo.
Debruçar sobre a janela
Do nosso tempo.
Imaginar
Você brincando na chuva,
Dançando com o vento.
Agora espero o horizonte.
Vejo um fio de cabelo
Molhado em meu rosto
Revelando tua imagem
Numa lágrima de alegria.


1.9.09

NAMORADOS
Ilustração: Sidney Ramos

AQUELE DIA
Sidney Ramos

Eu
Vou
Dizer...
Aquele dia
Foi muito bonito.
Feliz por ter visto
Você na chuva.
Conversamos.
Aquele dia
Amei,
Foi prazer.
Uma noite unia
A chuva eu e você.
Mais o sol
Do amanhecer.


1.8.09

PIRULITOS
Ilustração: Sidney Ramos
BOM DIZER
Sidney Ramos

Aprendi não amar 
Mais você.
Não sofrer, não chorar,
Tudo bem
Você não é quem eu pensei.
Como é bom dizer pra mim
Foi difícil, mas esqueci.
Foi muita dor que acabou.
Como é bom dizer assim
Demorei mas vou partir.
Tudo bem

Venho aqui abraçar-te,
Um abraço de amigos

Sem mágoas.

1.7.09

JARDINS
Ilustração: Sidney Ramos
FAUNA E FLORA
Sidney Ramos

Fauna mulher,
Flora amiga.
Primeiro dia
Falta a alegria da nossa terra.
Uma carta direto espera
Sentir tua presença bronzeada
Com o perfume das serras
E serestas inflamadas.
Saudade de vocês meninas.
Uma carta chama querida,
Naqueles dias
Tudo era mais bonito.
Recordo as fotografias,
Agente brincava nas árvores.
Bonita era a dignidade,
Saudade de vocês meninas.
Solver, desfrutar desta alegria,
Bonita é a dignidade,

Fauna mulher,
Flora amiga,

Mulheres da beleza
Não venham com isto,
Demonstrar fragilidades.
Mulheres da beleza

Não queiram com isto.

16.6.09

POUSADA
Ilustração: Sidney Ramos
AMANHECEU 
Sidney Ramos

Um pensamento
Decidido me leva
A lutar, n
ão temer
E sonhar.
Dentro de mim
A ilusão me diz sim.
Vou lutar n
ão temer
E sonhar.
Outra vida não esquece,
Teu carinho foi amigo.
Vou dizer...
Outro dia amanhece
E comigo teu sorriso
Vou lembrar.
O amor me fez crescer.


8.6.09

CAIPIRINHA
Ilustração: Sidney Ramos
LABIRINTO
Sidney Ramos

Hoje sonhei
Com um mundo
Onde havia amor de verdade,
Acordei para o labirinto
Das desigualdades.
Meu sonho do amor
Retornou pra cidade,
Encontrei lágrimas,
Injustiças e barbárie.
Oceanos e rios
Não mais existem limpos.
Existe a voz do submisso,
Um cio asfixiado
Em nossos filhos,
Armas nas mãos
Dos inimigos da natureza.
Hoje sonhei
Com um mundo
Onde havia amor de verdade.
A vida respirava,
Sorria, brincava
De um mundo dentro de mim.
Encontrei acordando
O mundo sem saídas,
Vem chegando ao fim.

1.6.09

FOGUEIRA
Ilustração: Sidney Ramos
PARTIDA
Sidney Ramos

Senti
Do lugar partir
E depois...
Lembranças
De um dia
Que não volta mais.
Quero ser assim,
A ilusão do não existir
E de novo outro dia
Faz da vida o amanhã.
Meus olhos dirão
Todo tempo vou cantar,
Seus olhos brilharam
E da gente vou falar.


24.5.09

BORBOLETAS
Ilustração: Sidney Ramos

MINHA PAZ
Sidney Ramos

Espelho d’água
Na estrada.
A chuva e a luz
Refletida.
Mas aquele sorriso
Que ria comigo
Perdido
Não veio.
Sinto falta
Minha paz,
Penso muito
Em você.
Eu pensei
Como a vi
E não esqueço
Jamais.

9.5.09

CRAVIOLA
Ilustração: Sidney Ramos

SONHO, SAMBA e DOR...
Sidney Ramos

Eu sempre fui um sonhador,
Vivi nos braços da utopia.
Sonhei com o que
É o melhor do amor,
Foi pouco tempo de alegria.


Passei uma borracha
No meu 
sentimento.
Risquei com um
Lápis todo 
sofrimento.
Rasguei o caderno
De recordações.
Tirei nota dez
Nas desilusões.


Quero perdoar,
Eu vou esquecer,
Tenho que mudar,
Melhor é viver.


1.5.09

MULHER DAS ÁGUAS
Ilustração: Sidney Ramos

ANA DO MUNDO
Sidney Ramos

Contradiz o fascínio
Em exuberância.
Exigindo ânsia de andar
Nos banhos livres da natureza,
Andar na frente refletindo,
Anda Ana no mundo existindo.
Na luta política
Pela luz do sol,
Ana nos olhos de quem anda
Mergulhando a natureza da existência.
Madrugando a luz
Na ilusão das falsas riquezas.
No desatar livre de um nó,
Fonte refinando as experiências.
Eis que o sistema é híbrido
Em contraposição a resistência.
Ana alienada,
Lúcida,
Inválida,
Anda no amor,
Ana odeia andar com calor.

24.4.09

DUAS MENINAS
Ilustração: Sidney Ramos
OLHOS
Sidney Ramos

Olhos são vidas.
Refletem alegrias
E enormes tristezas.
Olhos são míopes
Que amavam:
Equívocos,
Trocados,
No escuro,
Bem claros...
Olhos são vidas.
Brincando com sonhos,
Sofrendo,
Brilhando nos espelhos
Dos mares e rios.
E dentro de você mesmo,
Pequenos ou grandes,
Olhos são negros.


18.4.09

ABSÍDIO
Ilustração: Sidney Ramos

VERTIGEM
Sidney Ramos
Rafael Fittipaldi

Lembranças
Torrentes
De alegrias.
Redemoinhos
De sentimentos,
Afluentes correndo
À minha alma:
(Onde está o mar?)
Onde está ela
Que se despe
Na despedida.
Ainda opina...
Despida, pede
O pedágio em peso
- O preço - e eu preso,
Amarrado, peço seu amor.
Voraz lançávamo-nos
Na relva afáveis.
Aqueles braços,
Não sabia, eram voláteis,
Solúveis, evaporaram.
Hoje àquelas águas atiro
Com saudade os resíduos
Da sublimação.
Anuncio as lavas
Desgastadas no correr
Da minha respiração.
Evoco a vertigem
- Desejo de queda -
Recaio em lembranças,
Torrentes venosas
No envenenado coração meu.
Agora sou só
Uma pedra de gente.
Assisto o mar
Comer meu continente.
Do alto de um promontório
Rochoso, marrom e cinza...
Adeus as cinzas!
Minhas, dela,
De nossas glórias
Que quero esquecer.

15.4.09

FANTASIA
Ilustração: Sidney Ramos
IDAS E VINDAS
Sidney Ramos

Veio
O barro,
A chuva,
Depois
A bomba
E hoje
As cinzas.
O que virá
De novo?
Afagamos o colhido,
O antes dito,
O depois vindo
E o não lido.
Rolando neste barro
Sem parar,
O orgulho veio
Nos matar.
Engolimos o gosto
Sem sequer provar,
Enxugamos o rosto
Na chuva
Sem demonstrar.
A bomba e o impacto
Colado na fala difícil
Também do rosto
De aço e vidro.
Cansado, consumido...
A guardar alegrias ou cinzas
Das chegadas e despedidas.


14.4.09

VENENO
Ilustração: Sidney Ramos
SÍTIO
Sidney Ramos

Um milhão,
Dois,
Três...
Nas costas de
Um, dois, três...
Talvez a cidade
Tenha crescido
E eu esquecido,
Perdido fiquei.
Sobrevivi aos nãos
E aos sins...
Com afeição
Meus versos vão
Saem escritos.
Ao lado
Empurro sutil
O barquinho.
Saio sem sequer
Fazer ruído.
No entanto
Estou vivo
Para não ser
Injusto comigo.


12.4.09

CABEÇA LOUCA
Ilustração: Sidney Ramos
FALTA

Sidney Ramos

Tua falta
Cresce por todos
Os lados.
Da sala pro quarto,
Ruas e frases a fluír.
Tijolos de saudades,
Cimento e lembranças.
Tua falta matou
Minhas plantas
Mas ensina
Como se anda
E me deixa fugir.



CANGAÇO CITY

Ilustração: Sidney Ramos
INTERIOR MEU
Sidney Ramos

Meu corpo
É um farto copo
De saudades.
Na ausência
De duas maravilhas
Vou assim vivendo
Nestas terras imensas,
Sem água
E cheio de perdas,
Feito pedaços
Que não se completam
De um quebra-cabeça.
Meu tudo eram vocês.
Agora pergunto:
Como esquecer
Tamanha grandeza,
Pequenininha, presa
Naquela paisagem
Cada vez maior da seca?



PORTA BANDEIRA

Ilustração: Sidney Ramos

FLORES NO ASFALTO
Sidney Ramos

Somos pessoas
Do mundo,
Flores brotando
No asfalto.
Viajantes na mente
De um país mentecapto.
A Pátria escondida
Que mata
E some com jovens e crianças
Reféns de um Governo Racista.
Somos pessoas
Indo e voltando,
Brigando pela vida,
Reconhecendo a humanidade.
Vendo o que existe
De verdade,
Flores no asfalto
De um país reacionário.
Das orgias
E das falsidades,
Dos medíocres
E dos milionários.