Ilustração: Sidney Ramos
EMBAIXO DA PORTA
Sidney RamosSoprava no canto do ouvido
O ar tranquilo e as belas paisagens
Da minha infância.
O vento embaixo da porta,
Eu via por uma fresta.
A palavra entrava junto
Com a brisa do mar
Naquela pequena fendinha.
Eu tinha todo tempo da vida,
Meus sentimentos de peito
Revolvido eram levados ao vento...
As mínimas coisas
Eram-nos caríssimas
E as pequenas
Nossas maiores alegrias.
Ali eu podia: errar, respirar e sentir
Um ar com perfume de encanto.
Naquele momento
Era importante
Abrir os olhos
E sair procurando
Na minha meninice
Algum olhar perdido
Que encontrasse
A mão do destino.
Hoje no silêncio e nas lembranças
Guardo meus gritos ininterruptos.
Escondo um pouco a dor,
Sigilo e misturo as cores
Enquanto escapo também
Em busca do adiante.
Renasço do fogo,
Melhor ainda nas cinzas.
Venço as tramas urdidas,
Sequer vingou as feridas.